
Para inaugurar apenas:
O brasileiro se orgulha da sua diversidade cultural, das belezas naturais , da maneira como fala e como leva a vida. De fato algo impressionante em um lugar aonde as proporções continentais ao invés de afastar, aproximam de maneira intensa a maneira de se pensar, tornando o pensamento brasileiro uníssono e sincretista. Fala-se muito em pluralidade cultural, mas no âmago da questão , o brasileiro tem dentro de si a bússola racional muito similar que o orienta às coisas que ocorrem mutuamente em seu círculo social. Em tratando-se de razão, costumeiramente o brasileiro não consegue atacar o seu próprio ponto fraco, forjando às maneiras estrangeiras e modos de pensamento ancestrais dos nossos próprios colonizadores. Temos grande dificuldade em reinventar nosso presente, e nosso passado é constantemente aludido às replicas de pensamento das escolas mais tradicionais. Tome-se por exemplo a filosofia: no Brasil ainda tem-se a ideia de que Filosofia é ciência de se pensar e refletir, mencionada pomposamente os clássicos gregos e romanos como maneira de determinar a maneira de se viver e pensar. Nossos filósofos se aponderam dos pensamentos antigos para justificar a estrutura completamente egoísta existente nas nossas relações sociais e patrimoniais; chega-se a contradição de ter-se de admitir que a filosofia brasileira é feita no intervalo das discussões entre Congresso e Judiciário, haja visto que vivemos em um tempo de grande reflexão da legitimidade dos atos do primeiro, que são respaldados ou não pelo segundo. Independente da ressalva, trata-se da manifestação de alguns traços básicos de nosso caráter intelectual e de nossa condição política ; argumento irrefutável à parte, isso faz parte da nossa história sim , porém se nada fizermos, corremos o risco de continuar a ser apenas um país jovem que não sabe a que veio, nem o que tem a dizer, por medo, omissão ou covardia e, caso jamais inventemos nossa posição, nada viremos a ser, sem termos racionalizado sobre nossa exclusiva problemática nacional.
É repetitivo ainda falar das benesses do patrimonialismo brasileiro quando a própria definição não permite auto-definições, principalmente por se parecer tão impregnada nas nossas vidas e ao mesmo tempo dotada de tal flexibilidade de manifestação , que nem mesmo o menos lascivo dos seres pudesse prever até onde vai a abrangência desse câncer. Sob o aspecto histórico, uma justificativa plausível é entender que até onde se sabe, o direito contemporâneo é fruto de uma troca prevista no contrato-social, mas que acima de tudo , previu que para o estado de bem estar social se efetivar, os cidadãos, que são eu e você, deveriam abdicar de uma patologia crônica nas civilizações deixadas no passado: o egoísmo social. Não trata-se de discutir o direito material, da estrutura judiciária e do garantismo jurisdicional, pois estes já existem como a própria ontologia da questão denuncia: fala-se do direito de Voltaire, daquele que diz que o direito de cada um é lutar para que o do outro coexista. Significa mais ou menos dizer que , apesar do Senado ser corrompido, isso não me dá o direto de o ser , mesmo quando o Estado não cumpre com o seu papel existencial. O grande problema é que nós, brasileiros, ainda não conseguimos elucidar essa questão dentro de nossas filosofias: cobramos em demasiado das coisas formais e nos despreocupamos com as informais. Isso significa dizer que o altruísmo que deveria estar presente, ainda não chegou. Mesmo assim, o jeito brasileiro de resolver os conflitos ainda é inerente da nossa característica cultural, e é isso que nos faz brasileiros e nos enche de orgulho mundo afora. O jeito brasileiro é o que corrói o espírito social e o que nos afasta da civilização.
O milionário que chega no saguão do aeroporto e se depara com uma fila enorme burla o improvável e tenta de qualquer maneira se antecipar; o impaciente no supermercado fura a fila alegando motivos que mascaradamente justifiquem a sua pressa; o jovem que extrapolou a velocidade permitida suborna a autoridade para se livrar – são situações prosaicas que ocorrem diante dos nossos olhos diariamente, passam sem notabilidade e quando criticados, invertem o pólo da responsabilidade do inquisidor , alegando os interlocutores, caretice ou síndrome de querer- fazer- sempre-o-bem. Pois bem, vive-se em um lugar onde espantosamente a dicotomia mais contraditória é ação afirmativa travestida de autodefesa: pratica-se o errado julgando-se o certo e, critica-se o certo alegando o errado. Esse comportamento, diagnosticado como uma patologia social, é na verdade motivo de identidade dos compatriotas; gabam-se da maneira leve e despreocupada de viver, desprezando as premissas do bom convívio para a manutenção da paz social. Tais atitudes são ainda mais amiúde protegidas pelo argumento de que o brasileiro é um povo que sofre, mas que nunca desiste, o que contribuí para que a propaganda interna no ego dos brasileiros cresça e aumente a audiência daqueles que os assistem. A corrupção tão combatida não é proveniente de seres à parte da nossa realidade- eles não nasceram em lugar diverso do nosso, não conviveram com pessoas diversas de nós, não foram governadas por governos diversos dos nossos, o que significa dizer que em regra, um pouco do que a nossa ética se queixa, é aquilo que nós representamos na vida real, sem perceber que somos parte desta realidade que ajudamos a criar diariamente e, inconscientemente sem saber que “eles” na verdade, somos nós.
O brasileiro se orgulha da sua diversidade cultural, das belezas naturais , da maneira como fala e como leva a vida. De fato algo impressionante em um lugar aonde as proporções continentais ao invés de afastar, aproximam de maneira intensa a maneira de se pensar, tornando o pensamento brasileiro uníssono e sincretista. Fala-se muito em pluralidade cultural, mas no âmago da questão , o brasileiro tem dentro de si a bússola racional muito similar que o orienta às coisas que ocorrem mutuamente em seu círculo social. Em tratando-se de razão, costumeiramente o brasileiro não consegue atacar o seu próprio ponto fraco, forjando às maneiras estrangeiras e modos de pensamento ancestrais dos nossos próprios colonizadores. Temos grande dificuldade em reinventar nosso presente, e nosso passado é constantemente aludido às replicas de pensamento das escolas mais tradicionais. Tome-se por exemplo a filosofia: no Brasil ainda tem-se a ideia de que Filosofia é ciência de se pensar e refletir, mencionada pomposamente os clássicos gregos e romanos como maneira de determinar a maneira de se viver e pensar. Nossos filósofos se aponderam dos pensamentos antigos para justificar a estrutura completamente egoísta existente nas nossas relações sociais e patrimoniais; chega-se a contradição de ter-se de admitir que a filosofia brasileira é feita no intervalo das discussões entre Congresso e Judiciário, haja visto que vivemos em um tempo de grande reflexão da legitimidade dos atos do primeiro, que são respaldados ou não pelo segundo. Independente da ressalva, trata-se da manifestação de alguns traços básicos de nosso caráter intelectual e de nossa condição política ; argumento irrefutável à parte, isso faz parte da nossa história sim , porém se nada fizermos, corremos o risco de continuar a ser apenas um país jovem que não sabe a que veio, nem o que tem a dizer, por medo, omissão ou covardia e, caso jamais inventemos nossa posição, nada viremos a ser, sem termos racionalizado sobre nossa exclusiva problemática nacional.
É repetitivo ainda falar das benesses do patrimonialismo brasileiro quando a própria definição não permite auto-definições, principalmente por se parecer tão impregnada nas nossas vidas e ao mesmo tempo dotada de tal flexibilidade de manifestação , que nem mesmo o menos lascivo dos seres pudesse prever até onde vai a abrangência desse câncer. Sob o aspecto histórico, uma justificativa plausível é entender que até onde se sabe, o direito contemporâneo é fruto de uma troca prevista no contrato-social, mas que acima de tudo , previu que para o estado de bem estar social se efetivar, os cidadãos, que são eu e você, deveriam abdicar de uma patologia crônica nas civilizações deixadas no passado: o egoísmo social. Não trata-se de discutir o direito material, da estrutura judiciária e do garantismo jurisdicional, pois estes já existem como a própria ontologia da questão denuncia: fala-se do direito de Voltaire, daquele que diz que o direito de cada um é lutar para que o do outro coexista. Significa mais ou menos dizer que , apesar do Senado ser corrompido, isso não me dá o direto de o ser , mesmo quando o Estado não cumpre com o seu papel existencial. O grande problema é que nós, brasileiros, ainda não conseguimos elucidar essa questão dentro de nossas filosofias: cobramos em demasiado das coisas formais e nos despreocupamos com as informais. Isso significa dizer que o altruísmo que deveria estar presente, ainda não chegou. Mesmo assim, o jeito brasileiro de resolver os conflitos ainda é inerente da nossa característica cultural, e é isso que nos faz brasileiros e nos enche de orgulho mundo afora. O jeito brasileiro é o que corrói o espírito social e o que nos afasta da civilização.
O milionário que chega no saguão do aeroporto e se depara com uma fila enorme burla o improvável e tenta de qualquer maneira se antecipar; o impaciente no supermercado fura a fila alegando motivos que mascaradamente justifiquem a sua pressa; o jovem que extrapolou a velocidade permitida suborna a autoridade para se livrar – são situações prosaicas que ocorrem diante dos nossos olhos diariamente, passam sem notabilidade e quando criticados, invertem o pólo da responsabilidade do inquisidor , alegando os interlocutores, caretice ou síndrome de querer- fazer- sempre-o-bem. Pois bem, vive-se em um lugar onde espantosamente a dicotomia mais contraditória é ação afirmativa travestida de autodefesa: pratica-se o errado julgando-se o certo e, critica-se o certo alegando o errado. Esse comportamento, diagnosticado como uma patologia social, é na verdade motivo de identidade dos compatriotas; gabam-se da maneira leve e despreocupada de viver, desprezando as premissas do bom convívio para a manutenção da paz social. Tais atitudes são ainda mais amiúde protegidas pelo argumento de que o brasileiro é um povo que sofre, mas que nunca desiste, o que contribuí para que a propaganda interna no ego dos brasileiros cresça e aumente a audiência daqueles que os assistem. A corrupção tão combatida não é proveniente de seres à parte da nossa realidade- eles não nasceram em lugar diverso do nosso, não conviveram com pessoas diversas de nós, não foram governadas por governos diversos dos nossos, o que significa dizer que em regra, um pouco do que a nossa ética se queixa, é aquilo que nós representamos na vida real, sem perceber que somos parte desta realidade que ajudamos a criar diariamente e, inconscientemente sem saber que “eles” na verdade, somos nós.
 
 
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