sexta-feira, 27 de maio de 2011

Religião moderna: Retrocesso ou evolução? Da abordagem transpessoal sobre livre-arbítrio e determinismo.

A concepção moderna de religião do homem permitiu o desenvolvimento da crença baseada em algumas pilastras que são oriundas da própria história da civilização, e se confunde basicamente com a instituição na crença em um ente superior materializado em um expoente místico. A gênese da nossa crença religiosa, que apesar de demonstrada no espaço cronológico que data o período anterior a Cristo e posterior a ele, é produto da evolução de algo muito maior e complexo do que simplesmente a existência de Jesus Cristo ou não. A transição do “Grande Ninho do Ser” do período mítico-associativo para o início do período egóico - pessoal é a resposta-chave para muitas das questões concernentes aos conflitos existentes na história humana e que perduram até hoje; em linhas gerais, esta transição permitiu ao homem, já sapiens, mais do que simplesmente associar “pequenos” processos de conhecimento, como por exemplo compreender e assimilar a estrutura que compreende a fabricação do fogo ao analisar um raio caindo em um galho de árvore seco, lhe induzindo a buscar dentre as ferramentas que têm conhecimento o movimento de fricção para gerar calor e posterior fogo, mas sim compreender a sua real relevância no meio e mais do que isso, possibilitá-lo a associar o seu poder de exercício de domínio perante os seus demais semelhantes e a sua influência neles, e principalmente da sua capacidade de transformação deste meio. A consolidação do período mítico-associativo, que permitiu ao homem compreender a grande maioria dos fenômenos naturais e associá-lo à responsabilidade do universo, foi de fato preponderante para que a cognição intelectual do homem se desenvolvesse para algo transcendente aos movimentos da natureza; a partir deste momento, o homem inaugurou um período de intenso domínio sobre a explicação dos fenômenos da natureza, iniciado com a agricultura, e posteriormente com a ciência e tecnologia, mas principalmente de exercício de domínio perante os seus demais semelhantes através da religião. O surgimento das religiões em nada se assemelha à concepção de fenomeanologia natural do período mítico, mas sim da associação do indivíduo como parte única e exclusivamente individual de um processo, com um Deus capaz de modificar o curso da vida se estimulado por uma crença expoente baseado em domínio, opressão e devoção. O início da “Era das Trevas” demonstra mais do que simplesmente um período de “baixo” desenvolvimento intelectual-cultural no Ocidente sob o aspecto material-histórico, conclusão esta oriunda das formas questionáveis de medição da própria História Moderna, mas principalmente por inaugurar um período de fortíssima dominação e opressão do próprio homem aos seus semelhantes. Verifica-se na colonização dos primeiros povos europeus, pelos árabes, o domínio desenfreado de sistemas de poder com o objetivo de fixar a hierarquia opressiva, e entre elas, é no arcabouço filosófico-intelectual desta empreitada que se situa o início das religiões no mundo Ocidental como ferramenta de opressão e dominação através da devoção. Entender que a religião opera de forma a disseminar uma filosofia autocêntrica, que assume expressamente que o indivíduo tem real poder sobre os movimentos do universo se devoto for ao seu Deus religioso, é verificar acima de tudo o teor do discurso ideológico que baseiam as religiões modernas, concluindo que somos parte de uma grande cadeia onde o indivíduo é levado a crer que um Ente superior lhe ajudará quando necessário caso cumpridas as etapas dos “pré-requisitos” do padrão individual de comportamento. Ou seja, indivíduos que são levados a crer na disposição de um Deus às suas vontades, tendem a ser mais vulneráveis aos processos de repressão e opressão pois desconhecem o teor que os distancia do seu próprio Espírito. A religião moderna não é apenas pernóstica ao determinar que a vida individual está regida pela vontade individual, mas principalmente por aceitar que este ou aquele Deus é inteiramente responsável pelo alcance ou não dos padrões comportamentais de convivência em que se conceituam as atitudes positivas de BEM ou negativas de MAL, ou através da conceituação de Felicidade e Desídia, descartando por ignorância os movimentos e processos muito mais complexos do que a vida terrena que o universo nos proporciona. A tendência de comportamento deste novo período denominado egóico - pessoal intensifica a diretriz de “livre-arbítrio” sob a égide da livre escolha e do alcance de um bem individual que o conduza ao conceito de felicidade. Voltarei neste assunto ainda neste texto para explicar o porquê do livre-arbítrio ser uma tendência comportamental regida por aspectos psicológicos e sociais.
Não obstante ao fato de a religião ter sido gerada num ambiente de transição do período mítico, em que se acreditava na fenomeanologia natural das coisas, para o egoico-pessoal, em que o individuo tem papel preponderante no movimento das coisas do universo, o conflito com a ciência é muito melhor entendido quando verificado o seu papel neste contexto. Não diferente da religião, mas sob outra perspectiva cognitiva, a ciência nasce decorrente de um processo investigativo do homem em verificar como os processos universais ocorriam. E este reducionismo-materialista permitiu à parte da civilização enxergar que os processos universais ocorrem independente da vontade individual dos indivíduos; a física engatinha na compreensão dos processos das partículas, a matemática sedimenta os conhecimentos cartesianos, mas principalmente, a cognição que se alcançou na evolução histórico-material foi compreender que somos parte de um todo que se chama universo. A redução espacial do universo ao espaço individual pela religião permitiu à ciência amplo espaço para desenvolver seu arcabouço intelectual tendo em vista a abordagem mais complexa e em perspectiva do que aquela limitada pela religião. Abrir as portas do conhecimento científico à uma cultura teocêntrica foi de fato um grande salto na evolução humana. Hoje, sabe-se que fazemos parte de um macro-processo universal graças ao desenvolvimento da ciência. A religião ocidental jamais nos permitiria desenvolver esta concepção pois se limita ao relacionamento individual com o Deus institucionalizado pela “religião”. Por outro lado, o processo investigativo científico permitiu ao homem compreender que ele faz parte de um universo muito mais complexo do que as simples relações que tanto o atormentam em Terra, e essa supervalorização das relações egóicas - pessoais decorrentes do período transitivo que se confunde com a criação da religião, acabou por limitar o indivíduo a se enxergar em perspectiva dos processos universais em detrimento das suas necessidades individuais apenas.A religião moderna baseada na crença teológica sufocou o comportamento humano, restringindo-o à simples atuação da religião cristã, por exemplo, como ferramenta de compreensão das idiossincrasias do universo. A ciência utilizou-se de suas ferramentas para compreender os movimentos universais e torneou o comportamento humano de modo a abdicar das vontades individuais ao assimilar que independentemente do conhecimento do mero funcionamento dos processos universais, a sua intervenção é ínfima e imperceptível e em nada serve para explicar o porquê estes processos ocorrem de fato ; o embate entre ciência e religião desde então tem sido inexorável, causando dor e sofrimento para os indivíduos que nele participam.
No desenvolvimento deste processo, o livre-arbítrio se mostrou com uma tendência de comportamento da própria religião. A transição para o período egóico - pessoal evidenciou a necessidade de o indivíduo se ressaltar perante aos demais movimentos universais, tornando a livre-escolha a se parecer como um movimento anterior ao determinismo universal, pois é pautado apenas na resolução psicológica e social; as práticas sociais, que se uniformizaram na criação da opressão pelo período egóico - pessoal são impregnadas de divagações psicológicas, e isto explica em parte o comportamento humano em se ater à explicação de algo objetivo e que o torne centro da resolução do problema, lhe fazendo parecer realmente única e exclusivo no universo. Mas é inegável que o efeito psicológico da livre escolha é latente: os indivíduos se sentem mais felizes quando praticam determinados atos que estão em consonância com o bom alvitre social através das boas escolhas; pessoas pretendem ser responsáveis pois querem ser mais felizes de acordo com o conceito separatista de certo x errado; objetivam e almejam a regularidade de sentimentos; anseiam pela realização do seu projeto de imortalização através das coisas terrenas e assim o fazem para que se sintam mais realizados nesta vida. Em contrapartida, o determinismo universal é mais completo ao abancar a complexidade de todos os processos universais e fazer com o que o indivíduo consiga enxergar para além de si , e se colocar em perspectiva perante aos movimentos que regem o universo. A concepção universal da existência, e principalmente, a humildade de contemplação de que somos apenas parte de um todo, ameniza os conflitos de crença individual pois afinal, somos todos parte de um todo maior do que nossos interesses individuais. Ao passo que enfatizar que a crença no livre-arbítrio focaliza os processos de construção individual apenas no indivíduo, significa também reduzir a nossa atuação às relações exclusivamente sociais e psicológicas, redundando toda a apreciação aos movimentos que regem o restante do universo. Dor e sofrimento decorrentes do não alcance “daquilo que deve ser” ou do projeto pessoal, são acima de tudo os processos mentais e psicológicos que mais afligem as pessoas na Terra.
No entanto não significa dizer que o livre-arbítrio seja irrelevante; ao contrário: a posição do indivíduo perante suas escolhas nesta vida terrena o possibilitam a de fato alcançar maior estabilidade emocional, pois estes são processos única e exclusivamente que dão cabo às relações pessoais e sociais e de fato o fazem se sentir mais realizado e feliz. São essas escolhas que dão percepção, por mais que apenas mental, de que se está fazendo a coisa que deve ser feita. Mas basta dizer que todo e qualquer movimento decorrente do livre-arbítrio individual não causa impacto no movimento universal, a não ser por aqueles que nos circundam ou exagerando, em uma comunidade, mas não mais do que isso. Raramente as ações individuais têm impacto na coletividade, pois estão impregnadas de um comportamento cuja filosofia é resolver os problemas individuais. O mesmo visivelmente não ocorre com o determinismo: todo e qualquer movimento universal impacta diretamente no movimento de todos aqueles que participam deste universo, e fazemos parte destes movimentos a todo o momento, sem que possamos ter a percepção disso.
Ou seja, o processo do livre-arbítrio está em escala inferior ao determinismo, mas não se exclui sua importância no desenvolvimento pessoal do indivíduo, pois ao compreender que somos parte do todo, o caminho para a crença em algo que visivelmente determina o porquê das coisas acontecerem fica mais fácil e inteligível. A ciência é ferramenta indispensável não para compreender apenas os processos científicos( deixemos isto para os cientistas cartesianos); o mais importante é compreender a ciência como ferramenta religiosa que dê perspectiva ao indivíduo a crer que a força que determina os processos universais não poderá ser oriunda a não ser de um ente visivelmente superior, a qual se chama DEUS. A ciência tem feito avanços impressionantes na compreensão deste processo, mas ainda nos sentimos como uma criança em meio à uma biblioteca cheia de livros; sabemos que eles existem mas não sabemos como e porquê estão organizados daquela forma. Sabemos hoje que a visão da estrutura macroespacial das galáxias se confunde com a visão microespacial das partículas subatômicas, e isto pode aliviar o sentimento daqueles que refutam a ideia de que somos parte de um todo. Somos hoje produto do agrupamento de partículas subatômicas na mesma escala que o agrupamento subatômico das quase infinitas galáxias existente no universo; sabemos que a sinapse neurológica envolve todos os processos que ilustram a própria evolução da cognição humana: nele poderemos observar dos mais primitivos impulsos elétricos, até à constatação de uma ideia materializada em pensamento, tudo isso ocorrendo em um espaço imperceptível pela medição humana de tempo, mas pulsando juntamente com o movimento universal de todas as coisas. Do que dizer então da imaginação? A capacidade de criar e reproduzir um universo desconhecido é prova material e irrefutável de que nossa existência não se limita à condição de ser humano; vamos além, pois somos partes indispensáveis deste universo, e não podemos nos separar dele apenas por livre-arbítrio, pois estamos condicionados indissociavelmente à existência de um macroprocesso do Universo.
O que deve ser ressalvado é que a exclusividade do comportamento pautado na livre escolha é tão opressor quanto à própria concepção de religião na crença de um ente superior capaz de modificar os movimentos tão mais complexos e belos do universo. Acreditar nisto, é refutar uma realidade inexistente, comprovando o desconhecimento de que o universo tem movimentos próprios e não coexiste em detrimento das nossas vontades individuais; concepção esta tão defendida pelos movimentos new-age, de auto ajuda e da própria psicologia cartesiana-reducionista-materialista que reduz os comportamentos à causa e efeito decorrente de um fenômeno específico psicológico-mental. A saber que fazemos inexoravelmente parte de um todo, e de que não somos o todo como dizem que somos, nos dá perspectiva de uma compreensão mais universal do que simplesmente da concepção individual oriunda do livre-arbítrio, elimina a opressão do próprio ego sob o indivíduo, e mais do que isso, dá compreensão exata de que devemos contemplar a complexidade do universo a nos limitar à complexidade de nossa simplicidade em conviver com os problemas psicológicos e sociais. Talvez seja esse o caminho para o comportamento da tão falada justiça-social; ao indivíduo que compreender que fazemos sim parte dos movimentos universais, ficará reservado o grande prazer de agir com justiça de fato, pautado nos conceitos comunitários e não apenas mais individuais. Desta maneira, desconstruir um mundo pautado no livre-arbítrio e na responsabilidade individual é construir acima de tudo uma ligação mais íntima com todo o resto, e não apenas consigo mesmo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

2011

Amigos,

O primeiro post do ano não vai ser um despejo de desejos que tenho em relação ao novo ano que chegou, mas uma reflexão sobre algumas coisas que acredito que sejam importantes.
A minha história começa com um filme que eu assisti no ano passado sobre uma mulher que decide tirar um período sabático de um ano, depois de ter passado por vários problemas na vida pessoal. Certamente, uma escolha muito difícil para qualquer um que se sinta um pouco perdido em relação ao rumo que sua vida deva tomar daqui pra frente, e principalmente pela dificuldade da escolha de aonde ir para ajudar a encontrar estas respostas.

Não espere por uma crise na sua vida para descobrir o que é importante para você

É uma tendência do ser humano buscar expoentes após grandes impactos, positivos ou negativos; é uma forma de reclusão mental, que se caracteriza pelo ego reconhecer que algo importante aconteceu, e que é chegado o momento de repensar o caminho a ser seguido.

Não suportamos a falta de tempo nas nossas vidas, e costumamos por este motivo confundir descanso com entretenimento ou lazer. Não praticamos a meditação, no sentido simples da expressão.
Pouco tempo temos para pensar e refletir nas escolhas que tomamos nas nossas vidas; vivemos no ritmo trivial das coisas, engolimos os caminhos que muitas vezes não temos o livre-arbítrio de escolher.

O filme basicamente é uma viagem interior da mulher que simplesmente perdeu sua identidade neste tempo.
Parando em locais sugestivos que a ajudaram a encontrar os indícios da resposta que tanto procurava, percebeu no final que a não era a resposta que não se encaixava, e sim a perguntava que ela tinha inicialmente que era distante daquilo que ela realmente precisava.

O fato é que o momento da pausa, da reflexão, não deve, em regra, acontecer apenas nos períodos de crise. Estamos impregnados, carregamos toda a culpa pelas coisas que não deram certo conosco e com as pessoas que se conectam a nós; aprender a se desapegar desta culpa é sem dúvida uma redescoberta de estilo de vida. Basta saber, que uma pessoa que dispensa energia em coisas ruins, como a culpa ou a ansiedade, está simplesmente indo contra o caminho que o próprio universo planejou para nós: investir esta energia nas coisas realmente boas é na verdade mudar de postura em relação à interpretação destas coisas que acontecem conosco diariamente. Literalmente olhar as coisas através de outro prisma.

Entender que as nossas escolhas não são aleatórias e que elas causam sim impacto nas nossas realizações. Afinal, as escolhas existem para nos libertar e não aprisionar às coisas que eventualmente não derem certo, recado para todo o indivíduo que pretenda evoluir sem medo de encarar a quebra como algo ruim, e sim como algo que simplesmente represente a renovação.

Para se chegar ao castelo, é preciso cruzar o fosso.

O grande exercício é descobrir o que realmente precisamos.
Entendo que recebemos a grande dádiva do Universo: estamos vivos, irradiamos luz e amor quando queremos, quando nos convém. O caminho que liberta é mais simples do que se imagina, e portanto mais difícil: estamos cheios de coisas, mas continuamos vazios.
E o universo quer você vazio: cheio apenas de energia para dar amor.


Na maioria das vezes, chega-se à sábia conclusão de que temos aquilo que precisamos. Passar o tempo de uma vida perseguindo coisas que não são necessárias, é na verdade reinventar o sentido de si mesmo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A grande Mãe

Tanto no período tifonico quanto no período baixo da era do pertencimento (9.500 BC a 4.500 BC), a humanidade reverenciou a figura da Grande Mãe. (Em 4.500 BC chamamos de período alto da era do pertencimento, quando aconteceu uma explosão cultural sem precedentes na história). Emerge então no período anterior um novo medo da morte, e novos substitutos para a imortalidade. As pirâmides simbolizam essa tentativa de vencer thanatos. O nascimento da civilização corresponde ao nascimento de grandes egos!
O autor faz distinção entre a figura natural-psicológica do mito, que chama de “Grande Mãe”, e a figura metafísica-mística, que chama de “Grande Deusa”. Com isso, diferencia os níveis de consciência 3 (mítico) e 6 (Sutil), de acordo com a taxionomia proposta.
Traçando paralelos onto-filogenéticos, aos cinco meses o bebê começa a se diferenciar da mãe. Esse processo se completa aos 18 meses, e aos 36 meses ele termina. “A mãe é a parceira com quem a criança desenvolve seu drama de separação”. O pai só entra em cena na fase do ego.
A relação com a mãe envolve o conflito entre ser um ser separado e o "não ser" (Nível urobótico) ; Entre estar imerso e indiferenciado. Essa dupla abordagem sustenta a visão antagônica entre a mãe boa (Grande protetora) e a mãe má (Grande devoradora).
As evidências arqueológicas encontradas sustentam essa idéia. As primeiras esculturas paleolíticas iniciais eram figuras maternas. Essas estatuetas foram talvez o 1º objeto de posse da humanidade. Em algumas tumbas foram encontradas até 20 estátuas!
O sacrifício estava no centro da mitologia da época. A lua era vista como “amante” da terra. A lua morria três dias, e renascia para um novo ciclo. Na época não se associava gravidez com sexo. Crianças a partir de cinco anos já faziam sexo e não engravidavam. Relacionavam-se 100 vezes e a menina/mulher só engravidava uma vez a cada nove meses. Qual a razão? Para aquelas mentes era bastante óbvio: A causa era o sangue! O sangue era o responsável pela gravidez!
Quando ela estava grávida ela não menstruava! Portanto, por analogia concluiam que o "sangue"(menstruação) tinha “fecundado” a mulher!
O conceito de pai também não existia. O filho era o seu próprio pai (Transava com a própria mãe). E morria para renascer. A figura do falo e do amante era bastante secundária naquela sociedade.
Wilber chama atenção para a semelhança com a mitologia cristâ: A grande mãe era a Deusa, e a amante era virgem. Os primeiros homens cristãos se reuniam (como fazem até hoje) em clubes para celebrar a sua masculinidade.
A conclusão mágica da época era que a mãe natureza precisava de sangue para ser fértil. Pois a vida dependia de sangue para existir. A crença social implícita e semi - consciente poderia ser descrita assim: “Se você quer promover a vida, você tem que comprar sangue”. A partir dessa premissa, o banho de sangue que caracterizou a época é compreendido. Até os Reis voluntariamente se sacrificavam (Regicídio) pelo bem de sua comunidade.
O Ritual com sacrifício era o substituto mágico para a transcendência e para a imortalidade.
Os mitos contam muitas histórias de o que acontecia com aqueles que ousavam desafiar ou trair a “Grande mãe”. O final dessa estória é sempre trágico. O ego, portanto, não conseguia se desvencilhar da natureza, de seu pertencimento imerso, de sua sina indiferenciada. A estória que estes mitos contam é sempre a mesma: A ideologia/condição da grande mãe demanda a grande dissolução: O sacrifício do Eu separado.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Coincidência Significatvia

Sentimos no íntimo que o futuro já está, pelo menos em parte, determinado e que é possível antecipar o nosso destino individual por meio de premonições e pelo isso da técnica de predição que vão da astrologia ao uso das cartas do Tarô ou dos cristais.
Por que isso? Será que é porque homens e mulheres sempre tiveram o desejo de se sentir parte de um Universo ordenado por padrões previamente estabelecidos, tendo se desiludido aí a ponto de querer suprimir a verdade de que, vista em escala cósmica, toda vida e a atividade humana são, em última instancia, coisa sem sentido?
O materialista tradicional deverá responder “sim” à primeira pergunta e “não” à segunda. Ele poderá concluir que não concorda plenamente como provas, mas um número muito grande de pessoas, hoje e no passado, já afirmou ter passado por experiências individuais que as convenceram da existência de um vasto plano cósmico, do qual suas vidas são pequenos detalhes.
A mais comum dessas experiências é, talvez, a “coincidência significativa” que, ocorre quando dois ou mais eventos ocorridos ao mesmo tempo, sem ligação causal, ganham significado especial ao serem relacionados. Ao usar a expressão “sem ligação causal” quero dizer que nenhum dos eventos causou o outro e que, ao que saibamos, eles não foram produzidos pela mesma força externa.

Ter sorte na vida

Todos nós queremos ter sorte na vida. A maioria das pessoas “confia na sorte” quando parece que as coisas caminham bem. Algumas se preocupam tanto com o assunto que tentam encontrar formas de predizer o futuro ou pessoas que façam isso por elas.
A crença na existência da sorte pessoal tem caracterizado quase todas as culturas humanas. Ela traduz na vontade de correr riscos – porque, de uma forma ou de outra sentimos que vamos “vencer”, que o acaso pode ser mais simples acaso e que existe “algo” misterioso que pode ser benevolente conosco em sua essência.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Algumas teses equivocadas sobre a América Latina ( e o mundo)

Em "Pátria Latina"
Do "Blog do Emir"
Emir Sader


1. A crise atual levou ao fim do neoliberalismo, da hegemonia norteamericana e levará ao fim do capitalismo.

- O maior equivoco desta visão é considerar que um modelo ou uma hegemonia ou um sistema social se termina sem que seja derrubado e/ou substituído por outro. Conforme o Sul do mundo ou outro bloco alternativo proponha alternativas e seja capaz de as construir. O neoliberalismo não terminou, se tempera com graus de apoio estatal.

2. Pode-se e deve-se “mudar o mundo sem tomar o poder”.

- O projeto de transformações profundas da sociedade “pela base” sem que desemboque na alteração das relações de poder não levou a nenhum processo real de transformação das sociedades latinoamericanas. Ao contrário, os movimentos sociais – como os bolivianos – que transformaram sua força social em força política, são os que protagonizam processos reais de mudança do mundo.

3. O Estado nacional se tornou um elemento conservador.

- Os governos progressistas da América Latina estão valendo-se do Estado, seja para regular a economia, para induzir o crescimento econômico, para desenvolver políticas sociais – entre outras funções -, enquanto os governo neoliberais são os que desdenham o Estado, transformam em mínimas suas funções e deixam espaço aberto para o mercado. Os processos de integração regional e de alianças no Sul do mundo também tem os Estados como protagonistas indispensáveis.

4. A política se tornou intranscendente.

Falsa afirmação. Os governos progressistas da América Latina resgataram o papel da política e do Estado. Se não tivessem feito isso, não poderiam reagir da forma como reagiram diante da crise.

5. Há milhões de “inimpregáveis” nas nossas sociedades.

- Esta afirmação, originalmente de Fernando Henrique Cardoso, tentava, buscava justificativas para os governos oligárquicos, que sempre governaram só para uma parte da sociedade,excluindo aos mais pobres, agora sob pretexto de um suposto “desemprego tecnológico”, que prescindiria de grande parte dos trabalhadores. Os governos progressistas associam retomada do desenvolvimento econômico com elevação constante do emprego formal e aumento do poder aquisitivo dos salários.

6. Os movimentos sociais devem se manter autônomos em relação à política.

- Os movimentos sociais que obedeceram a essa visão abandonaram a disputa pela construção de hegemonias alternativas, isolando-se, quando não desaparecendo da cena política, quando se passou da fase de resistência à de construção de alternativas. Enquanto que movimentos como os indígenas, na Bolivia, formaram um partido – o MAS -, disputaram e elegeram seu maior líder presidente da república. Em outros países, os movimentos sociais participam de blocos de forças dos governos progressistas, mantendo sua autonomia, mas participando diretamente da disputa pela construção de nova hegemonia política.

7. Só se sai do neoliberalismo para o socialismo.

- Houve quem afirmasse que o capitalismo tendo chegado a seu limite – seja pela mercantilização geral das sociedades, seja pela hegemonia do capital financeiro – com o modelo neoliberal, só se sairia para o socialismo. Sem levar em conta as regressões nos fatores de construção do socialismo nas ultimas décadas, não apenas o desprestigio do socialismo, do Estado, da política, das soluções coletivas, do mundo do trabalho, entre outros. As transformações introduzidas pelo neoliberalismo – entre elas, a fragmentação social, o “modo de vida norteamericano” como forma dominante de sociabilidade – representam obstáculos a ser vencidos em longa e profunda luta política e ideológica, para recolocar o socialismo na ordem do dia.

8. A alternativa aos governos do Brasil, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, está à esquerda e não à direita.

- O fracasso das tentativas de construção de alternativas radicais, à esquerda desses governos, confirma que a polarização política se dá entre os governos progressistas e as forças de direita. Esta situação tem levado a que, freqüentemente, setores ideologicamente situados à esquerda desses governos, tenham – objetivamente ou mesmo conscientemente – se aliado ao bloco de direita, terminando por definir, na prática, nem sequer uma eqüidistância dos dois blocos constituídos, mas até mesmo considerando ao bloco progressista como seu inimigo fundamental.

9. Os processos de integração atuais são de natureza “capitalista”.

- Esta visão desqualifica todos os processos de integração regional, porque não se dariam mediante uma ruptura com o mercado capitalista internacional, porque representariam integrações no marco de sociedades capitalistas. Se incluiriam não apenas Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, mas também Venezuela, Bolívia, Equador. Se deixa de compreender a importância da criação de espaços de intercambio alternativos aos Tratados de Livre Comércio. Não se entende a importância da luta por um mundo multipolar, debilitando a unipolaridade imperial norteamericana. Não se entende como a Alba promove formas de intercambio alternativas ao mercado, às regras da OMC, na direção do que o FSM chama de “comércio justo”, solidário, de complementaridade e não de competição.

10. Existe uma esquerda boa e uma esquerda ruim.

- Quem prega esta posição quer dividir a esquerda, tentando cooptar seus setores mais moderados e isolar os mais radicais. A esquerda é antineoliberal e não a favor dos TLCs, privilegia as políticas sociais e não os ajustes fiscais, com os matizes que tenha cada um dos governos progressistas.

11. O período atual é de retrocessos na América Latina.

- Alguns setores, com critérios desvinculados da realidade concreta, difundem visões pessimistas e desalentadoras sobre a América Latina. Às vezes usam o critério da posição dos movimentos sociais de cada país em relação à constituição dos governos, para definir se há avanços ou não, ao invés de definir a natureza desses movimentos em função da posição que tem em relação a esses governos. Subordinam o social ao político, sem se darem conta dos extraordinários avanços do continente, ainda mais se comparados com a década anterior e com o marco internacional, profundamente marcado pelo predomínio conservador. É um pessimismo produto do isolamento social, de quem está à margem das formas concretas pelas quais avança a história no continente.

12. Em eleições como a uruguaia, a brasileira e a argentina, para a esquerda, tanto faz quem ganhe.

- Há quem diga isso, como se a vitória de Lacalle ou de Mujica representassem a mesma coisa para o Uruguai e para a América Latina, como se o retorno dos tucanos ou a vitória de Dilma tivesse o mesmo sentido, como se a substituição dos Kirchner por Duhalde, Reuteman, Cobos ou algum outro prócer da direita argentina, significasse o mesmo para o país. Consideram que se tratariam de “contradições interburguesas”, sem maior incidência, desconhecendo o alinhamento das principais forças políticas e sociais de cada um dos dois lados, mas sobretudo as posições – de aprofundamento e extensão dos processos de integração regional ou de TLCs, de prioridade das políticas sociais ou de ajuste fiscal, do papel do Estado, da atitude em relação às lutas sociais, ao monopólio da mídia privada, ao capital financeiro, entre outro temas, que diferenciam claramente os dois campos.

13. O nacionalismo latinoamericano contemporâneo é de caráter “burguês”.

- Desde que ressurgiam ideologias nacionalistas na América Latina, com Hugo Chavez, houve gente que se apressou a comparar com Perón, a desqualificar como “nacionalismo burguês” ou simplesmente de nacionalismo, que nada teria a ver com luta anticapitalista, etc. Usaram, aqui também, clichês, sem fazer analises concretas das situações concretas. O nacionalismo de governos como os da Venezuela, da Bolívia, do Equador, que recuperam para o país os recursos naturais fundamentais de que dispõem, são parte integrante da plataforma antineoliberal e anticapitalista desses países. Cada fenômeno adquire natureza distinta, conforme o contexto que está inserido, cada reivindicação, conforme o governo, assume caráter diferente. No caso do nacionalismo atual na América Latina, ele promove, além disso, processos de integração regional, tendo assim um caráter não apenas nacional, mas latinoamericanista

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Saudações à nova Era

"Já diziam os oráculos da verdade, a única coisa que o homem possa a vir sucumbir é à mudança. Seres mais evoluídos com toda a certeza já vem preparados de berço para transmutar. Temos visto por todas as partes. Acompanhado a evolução individual e coletiva; temos visto as veredas daqueles que passam por nós e nos acompanham. Coisas boas nos apontam, sem dúvida. Talvez a mudança latente em algo superior inspire os outros a buscá-las sem temor, afinal, mudar faz parte do evoluir.
No Brasil, vemos um movimento interessante, de desalienação da sociedade civil. Por muito tempo, estivemos lacrados nos baús do Leviatã sem por muito ter o que questionar. Nos disseram que precisaríamos de tempo para maturação da civilização. Hoje, a fusão da meia geração X com meia geração Y, nos proporciona uma ótima discussão sobre as futuras possibilidades. O momento de traçar o futuro é somente no presente. O agora fala mais alto do que qualquer tempo. Temos o tacão de ferro dominante gritando mais alto do que nunca.
O medo agora é o do lado de lá.
É chegado o momento de uma mudança espiritual: abdicar os preconceitos que temos sobre nós mesmos, e fazer algo diferente. Para a vida de cada um.
É o momento de saudação à Era benvinda, Aquários já antevê a abundância.
E num período de preparação, que fiquemos cientes de que a mudança virá, e cada um terá de escolher se pretende mudar ou não."

Saudações