segunda-feira, 3 de maio de 2010

Veja, mas não me aborreça


Ontem, estava na fila do mercado aguardando minha vez e resolvi folhear a Veja para passar o tempo. Para passar o tempo inocentemente, li a matéria "A farra da Antropologia oportunista", uma daquelas que são auto-explicativas. Explico: una um belo título com a fotografia de Indíos, somado ao atual debate sobre a Usina de Belo Monte. Fiz a besteira maior de procurar referências e sendo este meu ato o grande causador deste post, um dia mais tarde, e espantando, fechei a revista ao ver Eduardo Viveiros de Castro "falando" que só era índio quem nasce, cresce e vive num ambiente cultural original. Acho que pela minha sonolência do momento, minha revolta se restringiu ao intervalo entre o bater de folhas da revista e entrar no carro para ir para casa.
Não fiquei exatamente surpreso com a matéria, pois não a li no inteiro teor. Fiquei aliviado ao ler o viomundo e o conversafiada hoje pela manhã,que ambos tinham uma manifestação do próprio Eduardo, ainda mais indignado, dizendo que queria muito saber quem tinha escrito aquela matéria mentirosa.
Me deixa surpreso sim, constatar que em meio à uma democracia que prega tanto a liberdade de imprensa e de informação, vivamos literalmente na Anarquia de Bakunin, e ainda que isso não fosse uma coisa boa, acabar por concluir que a direita realmente não existe, não tem nem virtude sequer fortuna.
Realmente, a Veja não quer que você enxergue.


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Paulo Henrique Amorin

sábado, 1 de maio de 2010

Se ao final de um evento não se entender que o movimento do universo é proporcional ao momento da nossa escolha, então fatalmente daremos o nome a isto de apenas uma coincidência.E isto será apenas um acontecimento.

Factory Girl


Existe uma barreira artificial entre as pessoas que querem ser diferentes e as que simplesmente despertam o sentimento de diferença nas outras, sem fazer muito esforço. Sem dúvida nenhuma, Andy Warhol continua sendo até hoje uma dessas que, inexplicavelmente, provocam um sentimento em todos que o conhecem. Ter contato visual com algo que Andy Warhol fez é suficiente para que não se passe indiferente.Os que gostam, conseguem enxergar nele uma magia de um gênio que recriou um conceito de enxergar um mundo à sua época. Os que não gostam,relutam em aceitar a arte tão óbvia, ou sem técnica aparente.
Seja para elogiar ou desmoralizar, é difícil ignorar Warhol.
Ao assistir ao filme, me convenci disto. Talvez o maior legado de Andy Warhol não seja o impacto ou a falta de criatividade na sua obra, ou qualquer outra coisa que faça com que as pessoas gostem ou odeiem alguma outra coisa. Chego a conclusão pessoal que Andy, foi uma destas pessoas que aproximam todas as outras através da linha tênue do livre-arbítrio. Se isto foi previsto por ele, devo então admitir sua genialidade. Seja qual foi a intenção dele, me parece que sua obra é apenas um instrumento para que as pessoas se questionem, e defendam seus pontos de vista com fundamento no princípio básico da liberdade, em que cada um deve escolher aquilo que acredita ser melhor para si mesmo.
No filme, Eddie Sedgwick ( Sienna Miller) parece ser o oráculo de Andy, e uma daquelas respostas que conseguem chegar antes de todas as perguntas. Afinal, o quê queria dizer Andy Warhol?
Talvez Andy mesmo não quisesse dizer nada. E é exatamente aí que está o grande segredo.