terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A grande Mãe

Tanto no período tifonico quanto no período baixo da era do pertencimento (9.500 BC a 4.500 BC), a humanidade reverenciou a figura da Grande Mãe. (Em 4.500 BC chamamos de período alto da era do pertencimento, quando aconteceu uma explosão cultural sem precedentes na história). Emerge então no período anterior um novo medo da morte, e novos substitutos para a imortalidade. As pirâmides simbolizam essa tentativa de vencer thanatos. O nascimento da civilização corresponde ao nascimento de grandes egos!
O autor faz distinção entre a figura natural-psicológica do mito, que chama de “Grande Mãe”, e a figura metafísica-mística, que chama de “Grande Deusa”. Com isso, diferencia os níveis de consciência 3 (mítico) e 6 (Sutil), de acordo com a taxionomia proposta.
Traçando paralelos onto-filogenéticos, aos cinco meses o bebê começa a se diferenciar da mãe. Esse processo se completa aos 18 meses, e aos 36 meses ele termina. “A mãe é a parceira com quem a criança desenvolve seu drama de separação”. O pai só entra em cena na fase do ego.
A relação com a mãe envolve o conflito entre ser um ser separado e o "não ser" (Nível urobótico) ; Entre estar imerso e indiferenciado. Essa dupla abordagem sustenta a visão antagônica entre a mãe boa (Grande protetora) e a mãe má (Grande devoradora).
As evidências arqueológicas encontradas sustentam essa idéia. As primeiras esculturas paleolíticas iniciais eram figuras maternas. Essas estatuetas foram talvez o 1º objeto de posse da humanidade. Em algumas tumbas foram encontradas até 20 estátuas!
O sacrifício estava no centro da mitologia da época. A lua era vista como “amante” da terra. A lua morria três dias, e renascia para um novo ciclo. Na época não se associava gravidez com sexo. Crianças a partir de cinco anos já faziam sexo e não engravidavam. Relacionavam-se 100 vezes e a menina/mulher só engravidava uma vez a cada nove meses. Qual a razão? Para aquelas mentes era bastante óbvio: A causa era o sangue! O sangue era o responsável pela gravidez!
Quando ela estava grávida ela não menstruava! Portanto, por analogia concluiam que o "sangue"(menstruação) tinha “fecundado” a mulher!
O conceito de pai também não existia. O filho era o seu próprio pai (Transava com a própria mãe). E morria para renascer. A figura do falo e do amante era bastante secundária naquela sociedade.
Wilber chama atenção para a semelhança com a mitologia cristâ: A grande mãe era a Deusa, e a amante era virgem. Os primeiros homens cristãos se reuniam (como fazem até hoje) em clubes para celebrar a sua masculinidade.
A conclusão mágica da época era que a mãe natureza precisava de sangue para ser fértil. Pois a vida dependia de sangue para existir. A crença social implícita e semi - consciente poderia ser descrita assim: “Se você quer promover a vida, você tem que comprar sangue”. A partir dessa premissa, o banho de sangue que caracterizou a época é compreendido. Até os Reis voluntariamente se sacrificavam (Regicídio) pelo bem de sua comunidade.
O Ritual com sacrifício era o substituto mágico para a transcendência e para a imortalidade.
Os mitos contam muitas histórias de o que acontecia com aqueles que ousavam desafiar ou trair a “Grande mãe”. O final dessa estória é sempre trágico. O ego, portanto, não conseguia se desvencilhar da natureza, de seu pertencimento imerso, de sua sina indiferenciada. A estória que estes mitos contam é sempre a mesma: A ideologia/condição da grande mãe demanda a grande dissolução: O sacrifício do Eu separado.

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