
Não fosse o toque sensível e pragmático do personagem, Martin Eden seria apenas mais um jovem que viveu a rodar o mundo através das viagens de baleeiros. Acabou por conhecer mais lugares que a própria condição financeira o permitiria. Em uma de suas andanças se apaixonou, conhecendo verdadeiramente o sentido do amor. Nos pormenores do sofrimento, descobriu que seu amor só poderia ser correspondido a partir do momento que se encaixasse no molde social e intelectual da amada, que o exigira evoluir como ser através dos estudos, do conhecimento e dos livros. Decidiu lutar por ela; estudou a fundo a estrutura do pensamento burguês da sociedade Americana do século XIX, e como isso fosse resolver seu problema, acabou por encontrar outro maior ainda. Ao passo que estudava, percebia que era mais ignorante do que antes.
Romance que retrata uma semi auto-biografia de Jack London, Martin Eden é um mini alter-ego do escritor que foi revolucionário do pensamento de sua época e reconhecido, como todo grande artista, apenas um século depois. As dúvidas que permeiam as questões de London são as mesmas discutidas em Martin Eden, e o romance serve como um espelho da sua própria história , reconhecidamente fracassada diante da sociedade que se vivia. Ambos utilizam-se do tempo de vida como forma de questionamento, aparentemente irresignado eternamente, porém sempre com belos ensaios daquilo que se “parece mas não é” e da eterna busca pela verdade das coisas. Martin Eden "auto-constrói” seu retrato no mesmo ritmo que segue sua linearidade pessoal: descobre primeiro a trivialidade, através do pensamento comumitário. Depois, descobre que aquilo é apenas uma parte do que se diz ser verdade e, por fim , porém previsivelmente, de forma trágica conclui que tudo o que se diz é mentira e que a única verdade reside no amor incondicional. Ao passo que estuda o academicismo, a filosofia, a economia e a psicologia , entende a lógica que sustenta o sistema capitalista universal, tecendo seu próprio caminho alternativo de pensamento à lógica imposta pelas pessoas que vivem nele.
No entanto, não acredito que o mais prazeroso esteja nos ensaios sobre a divisão do trabalho social, da máquina capitalista, ou da relação entre força produtiva e intelectual e da forma como elas impactuam no desenvolvimento humano dos indivíduos- tampouco sobre o socialismo da época. O grande mistério de Martin Eden está no seu diálogo invisível com Nietzsche acerca das questões realmente relevantes para o homem atingir sua felicidade e de sua revanche pessoal com os preceitos da psicologia humana. Ao entender a lógica social entende por si só o seu inconformismo em satisfazer aos padrões sociais em prol da etiqueta de “cidadão-comum”. A sociedade o exigia isso; queriam que fosse uma pessoa comum e que seguisse a cronologia virtual das coisas: estudar para trabalhar; trabalhar para casar e casar para ser feliz. No entanto, descobre que a sociedade que o exigia isso, era na verdade, escrava do conhecimento que ela mesmo pregava e que aquilo que acreditavam saber, na realidade era apenas produto da opressão burguesa em limitá-los a seres eternamente situados na mesóclise da ignorância e da sabedoria. Estudavam em demasiado para seguir a mesma cronologia, e o resultado disso seria o eterno circulo vicioso, que impossibilitaria aos seres de pensar de forma independente e autêntica.
Romance que retrata uma semi auto-biografia de Jack London, Martin Eden é um mini alter-ego do escritor que foi revolucionário do pensamento de sua época e reconhecido, como todo grande artista, apenas um século depois. As dúvidas que permeiam as questões de London são as mesmas discutidas em Martin Eden, e o romance serve como um espelho da sua própria história , reconhecidamente fracassada diante da sociedade que se vivia. Ambos utilizam-se do tempo de vida como forma de questionamento, aparentemente irresignado eternamente, porém sempre com belos ensaios daquilo que se “parece mas não é” e da eterna busca pela verdade das coisas. Martin Eden "auto-constrói” seu retrato no mesmo ritmo que segue sua linearidade pessoal: descobre primeiro a trivialidade, através do pensamento comumitário. Depois, descobre que aquilo é apenas uma parte do que se diz ser verdade e, por fim , porém previsivelmente, de forma trágica conclui que tudo o que se diz é mentira e que a única verdade reside no amor incondicional. Ao passo que estuda o academicismo, a filosofia, a economia e a psicologia , entende a lógica que sustenta o sistema capitalista universal, tecendo seu próprio caminho alternativo de pensamento à lógica imposta pelas pessoas que vivem nele.
No entanto, não acredito que o mais prazeroso esteja nos ensaios sobre a divisão do trabalho social, da máquina capitalista, ou da relação entre força produtiva e intelectual e da forma como elas impactuam no desenvolvimento humano dos indivíduos- tampouco sobre o socialismo da época. O grande mistério de Martin Eden está no seu diálogo invisível com Nietzsche acerca das questões realmente relevantes para o homem atingir sua felicidade e de sua revanche pessoal com os preceitos da psicologia humana. Ao entender a lógica social entende por si só o seu inconformismo em satisfazer aos padrões sociais em prol da etiqueta de “cidadão-comum”. A sociedade o exigia isso; queriam que fosse uma pessoa comum e que seguisse a cronologia virtual das coisas: estudar para trabalhar; trabalhar para casar e casar para ser feliz. No entanto, descobre que a sociedade que o exigia isso, era na verdade, escrava do conhecimento que ela mesmo pregava e que aquilo que acreditavam saber, na realidade era apenas produto da opressão burguesa em limitá-los a seres eternamente situados na mesóclise da ignorância e da sabedoria. Estudavam em demasiado para seguir a mesma cronologia, e o resultado disso seria o eterno circulo vicioso, que impossibilitaria aos seres de pensar de forma independente e autêntica.
Ao descobrir o verdadeiro amor, acaba por descobrir também que este esteve condicionado ao seu sucesso como ser social daquela sociedade, tendo uma vida trivial dentro dos moldes exigidos pela época.
O clímax do romance acontece durante o mergulho interno que Eden faz no período que desenvolve sua habilidade para filosofar em forma de poesia. Descobre sua capacidade de enxergar além do que os livros lhe diziam e principalmente de constatar os vícios que corroem o ser humano puro que vive numa sociedade podre. Ao mesmo tempo que era reconhecido como escritor, seu amor se esvaiu pela amada e ela retornou depois de concluir que ele já se encaixava como futuro esposo, devido à sua posição social e seu status financeiro. Se fosse transcrever em aforismos o sentimento de Eden, poderia dizer que pensara principalmente nas questões torpes da consciência humana, e principalmente em que o amor que sentia por ela não mudou depois que enriquecera, diferentemente dela. Ela o abandonara quando decidira continuar com seu propósito, independentemente do dinheiro. Quando retorna arrependida, a parábola que se constrói no monólogo é da dúvida sobre sua própria mudança: tivera em algum momento o amor sentido por ela mudado por causa do dinheiro? Mas ele continuava exatamente o mesmo, antes e depois do sucesso.
O clímax do romance acontece durante o mergulho interno que Eden faz no período que desenvolve sua habilidade para filosofar em forma de poesia. Descobre sua capacidade de enxergar além do que os livros lhe diziam e principalmente de constatar os vícios que corroem o ser humano puro que vive numa sociedade podre. Ao mesmo tempo que era reconhecido como escritor, seu amor se esvaiu pela amada e ela retornou depois de concluir que ele já se encaixava como futuro esposo, devido à sua posição social e seu status financeiro. Se fosse transcrever em aforismos o sentimento de Eden, poderia dizer que pensara principalmente nas questões torpes da consciência humana, e principalmente em que o amor que sentia por ela não mudou depois que enriquecera, diferentemente dela. Ela o abandonara quando decidira continuar com seu propósito, independentemente do dinheiro. Quando retorna arrependida, a parábola que se constrói no monólogo é da dúvida sobre sua própria mudança: tivera em algum momento o amor sentido por ela mudado por causa do dinheiro? Mas ele continuava exatamente o mesmo, antes e depois do sucesso.
Acredita na incondicionalidade do amor como única forma de evolução e revolução. Os seres são egoístas e alienados, porém quando descobrem o poder de isenção dos valores externos, alcançam a sua a real intenção da existência:
Do que seria da tua beleza, se eu fechasse os meus olhos para você?
Do que adiantaria essa tua ideologia, se tua própria liberdade se transformasse em opressão?
E se eu pudesse ao menos te mostrar, que o inferno são os outros?
Do que seria da tua beleza, se eu fechasse os meus olhos para você?
Do que adiantaria essa tua ideologia, se tua própria liberdade se transformasse em opressão?
E se eu pudesse ao menos te mostrar, que o inferno são os outros?
Não acredito que a intenção de Jack London fosse demonstrar uma das faces niilistas do seu personagem, que mergulha num lago profundo de rocha sem saber que lá não existe água, para depois chorar a desgraça humana. A construção que ocorre no decorrer do romance é exatamente a representação de uma das fases da vida de todo indivíduo , que livres , conseguem optar sem ressentir, ou não. Eminentemente presente, a questão do dúbio social e do niilismo como forma de execração e repúdio à forma imposta por um materialismo histórico inútil, que aprisiona ao invés de libertar, é atenuada por Martin Eden, que descobre sua vocação para o monismo: se considera um legítimo monista, pois procura aquilo que de fato lhe faz feliz, com a liberdade do conhecimento e pautado no livre-arbítrio do querer. O final do romance acaba sendo mero detalhe, pois a intenção da mensagem já fora passada muitas páginas antes.
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