segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Destino ou livre-arbítrio?



Um dos grandes mistérios que acompanham o ser humano desde o seu reconhecimento é o impasse livre- arbítrio x determinismo. Pode o ser humano escolher sua própria sorte, ou deve estar ele condicionado às forças externas, terrenas ou extra-terrenas para ser feliz?
Entendo que este assunto rende uma bom apanhando de todas as matérias cognitivas e humanísticas: a psicologia, filosofia, cosmologia, antroposofia, física, biologia, matemática, tem, inevitavelmente uma suposta resposta para esta pergunta, tanto é que já conseguiram formular brilhantes teorias que vão desde a teoria da causalidade à chamada "coincidência significativa", de Jung.
É impossível debater sem antes conhecer parte destas teorias, pois elas têm muito o que nos ofertar, e acredito que o caminho real para elucidar esta questão é simplesmente entender, no final das contas, a estrutura que rege o universo.
Sentimos no íntimo esta sensação de que é possível compreender além do que nossa percepção atual, de que realmente existe algo maior do que a própria realidade. Quantas pessoas não tiveram experiências sensoriais que simplesmente ignoraram as leis materiais de tempo, espaço, matéria, corpo e mente? Foram estas experiências reais, ou simplesmente uma reprodução virtual do que poderia acontecer? O tempo que transcorreu, existiu, ou ele de certa forma não pode ser contabilizado quando trata-se de um momento mágico que envolva o puro espírito? Afinal, o tempo existe?
Em primeiro lugar, precisamos frisar que nossos conceitos trivias são mentais, ou seja, criados pela percepção humana, e não espiritual. O conceito de determinismo diz que o universo conspira ao seu favor para realizar aquilo que esteja planejado para você. Entendo que as leis herméticas que falam sobre determinismo não conseguiram explicar na essência o que isso significa dizer, e por esta razão, brigamos eternamente, desde o início dos tempos, sobre a nossa liberdade de modificar um eventual destino. A era Iluminista destacou isto com ênfase: " Não há ser humano que possa sucumbir à uma boa escolha em detrimento de outra de outrem". Ou seja, a educação humanística prevê isto: se queremos ser felizes, devemos escolher entre uma coisa e outra, sempre.
Acredito que ambas visões estão certas e erradas ao mesmo tempo; somos únicos no universo, e o espírito nos mostra isto. Ou seja, de início, o universo através da troca de energia nos prevê algo muito bom, sempre. Basta agir para isto. As teorias mais clássicas desde o princípio souberam disto:
"Não adianta se querer algo diferente , se a posição se mantém igual à anterior"
Stephen Hawkings,
O universo pulsa constantemente. Pulsamos junto com ele, com a matéria e energia que envolve todo o cosmos, e precisamos saber disto através da consciência. A partir do momento que entendermos que somos exatamente aquilo que procuramos nas outras coisas, conseguiremos compreender que Deus está em nós, e só nós. Somos o puro espírito, e se pulsarmos junto com ele, o universo nos dará apenas aquilo que ele tem de melhor: o puro Vazio.
Determinismo e livre arbítrio foram banalizados pelo racionalismo humano: tentamos entender se temos escolha, enquanto somos a própria escolha. Tentamos entender se o tempo faz sentido, enquanto somos a eternidade.
Basta saber, que as teorias do "contra-tempo" têm se fortalecido neste último século exatamente por este motivo: as pessoas que têm pensado neste sentido compreenderam que o tempo é algo vazio, que se esvai no nosso conceito de civilização. Ou seja, seguimos a cronologia virtual das coisas pois acreditamos que ele nos substituirá pelo projeto da imortalidade. Puro conceito social.
Acredito que temos uma missão para compreensão: entender que estamos determinados sempre ao puro espírito, mas devemos nos posicionar para o universo nos encontrar. Nada é estável, tudo é mutante. Precisamos adquirir a consciência de que temos todo o potencial para evoluir, mas precisamos querer: isto se confundiu com livre-arbítrio. Este, é ao meu ver, o real livre arbítrio: querer.
Auto conhecimento é algo genial:




Cada um, que terá a liberdade de escolher qual verdade acreditará a partir de determinado momento decisivo. O desenvolvimento interno se funda no fato de cada qual buscar a sua própria sorte, com base em princípios que seguem a lógica universal do conhecimento; o desprendimento se inicia no momento que o indivíduo reconhece o seu potencial de escolha e aliado ao livre-arbítrio, busca no auto-conhecimento a sorte correta para escolher. Ao passo que cada qual desenvolve tal habilidade e reconhece o poder da ação humana sob o universo que está envolto a cada um , compreende-se concomitantemente que a evolução da liberdade está condicionada a cada qual seguir o seu propósito de vida, ou seja, existe uma condicionante, porém diferente da acepção de destino pré-determinado, em que toda a ação pautada na liberdade de escolha e no conhecimento do livre-arbítrio representará exatamente aquele propósito universal e ao mesmo tempo pessoal, em que as atitudes livres comandam o fluxo do universo ao ponto de cada qual atingir sua órbita interna de evolução. A existência da ideia de destino no entanto é subsidiária, e acompanha a crença em algo superior, não necessariamente teológica, mas que exclui de forma parcial o livre-arbítrio. A mensagem que o universo nos passa constantemente é que somos responsáveis pelo nosso propósito, porém mesmo a condição de “ dever ser” ou de predestinação , se fundamentadas com a liberdade de escolha e com o livre-arbítrio poderão ser perfeitamente aceitáveis. O paradigma está exatamente no reconhecimento e no auto-conhecimento destas regras universais; em primeiro lugar, conhecê-las para reconhecê-las como existentes; em segundo, aprendê-las, com base no auto-conhecimento, no desapego aos padrões impostos de pensamento e na crença em conceitos duradouros e herméticos, como a intuição e a intenção.
O ser humano é único no universo, o que não significa dizer que está sozinho. Cada indivíduo detém a incrível possibilidade de construir aquilo que quiser para si; a isto chama-se liberdade. E cada indivíduo detém a incrível capacidade de escolher aquilo que é melhor para si mesmo; a isto chama-se livre-arbítrio. Estas são verdades complementares e que jamais poderão andar separadas.
O conceito de destino que se transmutou na nossa civilização é óbvio: acreditamos na predestinação e no determinismo, mas agimos sob inércia.
A subsidiariedade da crença é algo presente em nós e produto da condição do indivíduo ser um ser social, no entanto a sabedoria reside em abdicar-se da crença em verdades terrenas em substituição à verdade universal do movimento cíclico das coisas, como forma de abandono da velha ideia de destino passível da inércia frente à concepção de predestinação. A evolução que o universo nos cobra está exatamente no desapego das coisas velhas, dos conceitos retrógrados e que aprisionam o ser às verdades alheias e que os distanciam da sua própria capacidade de agir em concordância com o universo.
A energia da mudança no entanto é sempre pulsante; a inatividade não gera movimento nem ação , tampouco reação.

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